Mas quando eu era pequena, e ainda estava na casa dos meus tios, o entardecer no inverno era fantástico!
O frio me aguçava a imaginação!
O grande fogão a lenha aquecia a casa e a alma!
O calor do fogo que conservava a comida sempre quentinha e enchia a casa com o cheiro da madeira queimada, despertava as minhas fantasias.
Eu gostava de olhar para as chamas e ver os “desenhos” que elas traçavam em meio as brasas e ao carvão.
No inverno anoitecia cedo, e cedo íamos dormir mas, antes, meu tio contava muitas histórias “assustadoras”, cheias de fantasmas, mortos vivos e outras. Sentávamos em volta da mesa com o lampião a querosene que, com sua luz trêmula, iluminava os nossos rostos.
Muitas sombras surgiam nas paredes!
Não lembro de ter sentido medo, além da curiosidade. Eu sempre queria saber o que tal "monstro" estaria fazendo naquele momento...
O que estaria fazendo a Cuca? Pegando alguma criancinha?
Meu tio contava que a Cuca tem aparência de uma velha, bem velha e enrugada e ainda corcunda; com uma cabeleira branca, toda desgrenhada. Seu aspecto é assustador. Ela só aparece à noite, sempre procurando por aquelas crianças que fazem pirraça e não querem ir dormir cedo.
Esse versinho era cantado, na minha infância:
Dorme, neném
que a Cuca vai chegá
Papai foi pra roça
Mamãe foi trabalhá
Outra história que também me intrigava era a do Saci-Pererê. Como aquele negrinho podia andar com uma perna só? E saltitando por aí?
Minhas perguntas eram muitas, mas precisávamos dormir. Os adultos levantavam cedo, para o trabalho.
Pela manhã, quando eu acordava, às vezes haviam algumas galinhas com seus pintinhos, dentro da cozinha, por perto do fogão.
E ao meio dia, a comida já estava toda pronta.
Quando muito frio, minha tia deixava o almoço servido nas panelas e em travessas,em cima de alguns tijolos na chapa do fogão a lenha, para não queimar.
À tarde eu brincava com minha prima...
Me fazia de "mocinha"...
Ia vivendo a vida e crescendo, para me tornar o que hoje sou.
Nenhum comentário :
Postar um comentário